Comunicação Não-violenta: por que aplicá-la com seus filhos?

Educação familiar
03 | 11 | 2021

Ao pensar no desenvolvimento de relacionamentos saudáveis, a Comunicação Não-Violenta (CNV) se torna uma ferramenta essencial — inclusive nas relações familiares. Porém, o conceito ainda é alvo de muitas dúvidas e, em alguns casos, não é conhecido pelas famílias.

Assim, se torna importante aprender sobre o assunto, entendendo de que se trata essa comunicação, como ela funciona e de que maneira ela pode ser aplicada no relacionamento entre pais e filhos

Pensando nisso, preparamos este conteúdo com as principais informações a respeito da Comunicação Não-Violenta para você aplicar essa técnica no seu dia a dia. Confira!

O que é a Comunicação Não-Violenta?

Também conhecida pela sigla CNV, essa é uma ferramenta voltada ao desenvolvimento de relacionamentos mais empáticos e compreensivos. Para tanto, ela foca no entendimento das necessidades de cada ser humano.

A CNV é resultado das pesquisas de Marshall Rosenberg, um psicólogo estadunidense que desenvolveu estudos para identificar as raízes da violência. Assim, ele buscava encontrar meios de trabalhar a resistência não-violenta para transformar a realidade.

Na prática, o conceito tem aplicação ampla: é disseminado em diversos países, englobando mediações de conflitos, justiça restaurativa, organizações não-governamentais e o dia a dia de escolas e empresas de vários setores. 

No entanto, a Comunicação Não-Violenta também pode beneficiar as relações familiares, especialmente ao lidar com filhos na adolescência. Isso porque ela envolve a comunicação verbal e não verbal, então inclui escrita, fala, gestos e expressões.

Dessa maneira, a aplicação do conceito consegue trazer maior compaixão e empatia para as conversas, ajudar a fortalecer o relacionamento e melhorar as conexões humanas. Então, considerando as dificuldades que crianças e adolescentes enfrentam em seu desenvolvimento, a abordagem pode ajudá-los e consolidar a relação entre pais e filhos. 

Quais são os passos para colocá-la em prática?

Agora que você já aprendeu sobre o que é Comunicação Não-Violenta e por que ela é importante, é hora de aprender como ela funciona. Existem 4 pontos fundamentais que devem ser observados ao aplicá-la. Veja só!

Observação

A CNV se torna especialmente relevante diante de situações que geram incômodos. Afinal, é nesses momentos que posturas mais agressivas (ainda que não intencionais) surgem. Portanto, o primeiro ponto é sempre a observação.

A ideia é observar o que está acontecendo, despindo-se de quaisquer preconceitos e juízos de valor. É preciso manter uma visualização ampla para conseguir enxergar melhor a situação e evitar reações inadequadas. 

Sentimento

O próximo passo é identificar os sentimentos que surgem diante do que foi observado. Você já parou para avaliar, de fato, o que sente diante de uma discordância do seu filho, por exemplo? Essa etapa parece óbvia, mas ela não costuma fazer parte do dia a dia, então exigirá disciplina.

Entender o que você sente é importante para perceber quais seriam as possíveis ações e interromper práticas que, às vezes, seriam motivadas pelo sentimento errado. Certamente, isso traz maior vulnerabilidade, mas esse também é um passo importante para desenvolver maior empatia. 

Necessidade

Após avaliar os sentimentos, é hora de expressar as suas necessidades. Pense no que você precisa diante de determinada situação, pois é comum ter anseios específicos diante de um fato. Contudo, antes de ter atitudes buscando esse objetivo, é importante entendê-los.

Pedido

Após passar pelas etapas anteriores, é hora de solicitar a realização de ações concretas, com base nos sentimentos e necessidades. Nesse ponto, é fundamental adotar uma linguagem adequada, com tom positivo e empático, pensando em como ela será recebida pelo interlocutor.

Na prática, isso aumenta as chances de que o pedido seja compreendido e realizado corretamente em comparação ao que acontece quando se utiliza uma postura negativa. Também há uma melhora no desenvolvimento da confiança entre as partes.

Ainda, vale destacar que a CNV pode ter outros elementos visando a sua aplicação correta e a construção de relacionamentos mais sólidos e saudáveis, como a aplicação de maior empatia. Ao entender como ela pode ser aplicada com seus filhos, você aprenderá mais sobre essas questões. 

Como aplicar essa técnica com os filhos?

Depois de compreender como funciona a Comunicação Não-Violenta e os seus elementos essenciais, é hora de entender como ela pode ser aplicada no relacionamento com os seus filhos. Confira as principais dicas para complementar a adoção dessa estratégia!

Observe sem julgar

Ao aplicar o primeiro passo, é preciso ter um reforço maior para não julgar, especialmente considerando questões moralizadoras e juízos de valor que podem fazer com que você ignore o contexto dos fatos — distorcendo a realidade e potencializando os sentimentos negativos.

Na relação com os filhos, isso pode fazer com que eles deixem de se sentir acolhidos e à vontade para se abrirem sobre os seus problemas e dores no dia a dia. Além do mais, há mais chances de que eles passem a preferir omitir fatos ou tentar resolver questões sozinhos quando a intervenção dos pais seria essencial.

Nesse ponto, também é importante evitar fazer comparações. Os filhos de um casal de amigos, os primos ou, até mesmo, a experiência dos pais na mesma idade não deve ser utilizada como parâmetro: isso cria estereótipos e generalizações que não consideram a realidade do que aconteceu.

Lembre-se de que cada pessoa tem suas características, habilidades e dificuldades, além de oportunidades e dores diferentes. Portanto, os julgamentos e comparações podem atrapalhar a visualização do que está acontecendo, dificultando a comunicação. 

Ouça as necessidades

Saber ouvir é fundamental. Para isso, é preciso exercitar a empatia, se colocando no lugar dos seus filhos para tentar entender de que forma o relato trouxe impactos para eles. Isso envolve ter compaixão e respeito, além de realmente prestar atenção em tudo o que é dito

Aproveite o momento para fazer perguntas e entender melhor o que está acontecendo. Ao lidar com adolescentes, pode ser importante também exercitar um pouco mais a tolerância para que eles consigam se expressar.

Se em uma conversa os pais não estiverem dispostos a tentar compreender o que está acontecendo, provavelmente, não será possível chegar a um acordo com seus filhos. Com isso, o conflito dificilmente será resolvido de maneira satisfatória.

Perceba, então, que os 4 passos da Comunicação Não-Violenta não se referem apenas às ações que você toma em relação a si. Eles também englobam a postura que deve ser adotada com seu interlocutor.

Identifique os sentimentos

Tente também identificar os sentimentos da outra parte durante a comunicação. Entender o que o interlocutor sente é um passo importante para que você consiga lidar da melhor forma com a situação. 

Inclusive, isso pode ser feito por meio de questionamentos diretos. Demonstrar essa preocupação não apenas com o que acontece, mas com a maneira como o seu filho se sente, pode abrir caminhos para o desenvolvimento de uma relação mais sólida e com maior confiança. 

Porém, tudo isso não significa que você não deve considerar os seus sentimentos e necessidades. As práticas devem ser utilizadas de maneira conjunta, considerando tanto o que você deseja quanto o posicionamento do seu filho diante da situação. 

Peça de forma acertada

Por fim, saiba como fazer os pedidos corretamente e se preparar para as respostas que podem não se alinhar ao que você espera. Por exemplo, ao pedir que os filhos organizem o quarto ou façam uma tarefa em casa, é comum ouvir negativas e reclamações.

Entretanto, é preciso manter a calma e focar na Comunicação Não-Violenta. Ameaças de castigos, gritos e outras ações do tipo são contrárias à ideia de não violência e podem prejudicar o relacionamento. Então, esse é o momento de encontrar meios de praticar a técnica.

Nesses casos, vale a pena se colocar dentro da ação, explicando o por que ela deve ser feita e demonstrando também os seus sentimentos. Quer um exemplo? Pense em um dia que você precisa que seu filho adolescente lave a louça, mas ele não quer.

Talvez, você possa explicar que nesse dia o trabalho foi muito cansativo e que precisa de ajuda para conseguir terminar de organizar a casa para que todos possam descansar. Ao pedir que ele saia do videogame, vale explicar que, talvez, você queira passar mais tempo em família.

Ou seja, a ideia é promover o diálogo, dando voz para todos e adotando uma postura compreensiva — ainda que seja necessário dar comandos. Com o tempo, ficará mais fácil negociar acordos e responsabilidades com mais facilidade.

Pronto! Agora que você já conhece a Comunicação Não-Violenta, estude mais sobre esse conceito e aplique em sua casa. Essa prática promove melhorias no relacionamento, desenvolvendo maior confiança e proximidade com os filhos. 

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